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O meu primeiro encontro com Elisa


“Ela tem direito a saber, quando pede uma entrega de orgânicos, que mesmo assim está contribuindo às mudanças climáticas!” Roberta estava com os olhos aguados e a voz entrecortada por lágrimas.

“O problema é que Elisa acha que está fazendo tudo direitinho, mas não existe nenhuma ação de consumo que não tenha alguma pegada de carbono. É nosso dever fazer que ela saiba disso”.

Antes que eu pudesse formular qualquer resposta, vejo Iara parada de pé na porta do escritório, de braços cruzados olhando para nós com cara de ponto interrogativo.

“Mãe, com todo respeito, mas eu acho que está precisando de um psicólogo”.

Eu e Roberta olhamos pra ela e depois um ao outro, antes de explodir em gargalhadas.

Precisava de todo o pragmatismo e da imensa sabedoria da nossa caçula de 10 anos para nos trazer a realidade.

Mas para entender a piada, é necessário voltar atrás algumas semanas quando Elisa “nasceu”.

Não, Elisa não é a nossa filha recém nascida (o que dá para deduzir pelo fato que uma recém nascida não pede entregas de orgânicos). Elisa é mais parecida com uma amiga, ou melhor… uma amiga imaginária.

Mas vamos proceder com ordem…

“Não existe nenhuma ação de consumo que não tenha alguma pegada de carbono. É nosso dever fazer que ela saiba disso” Roberta G. De Souza

Foi pouco depois da ideia da CoClima começar a se cristalizar, que nossa equipe começou a se perguntar o que as pessoas achavam das mudanças climáticas. Será que os temas do efeito estufa e da pegada de carbono só preocupam a gente? Será que as pessoas têm consciência do que fazem e dos próprios impactos?

Começamos assim lançando uma pesquisa (tema do último post). Com isso não só descobrimos que não estávamos sozinhos, como que éramos a maioria!


A maioria das pessoas esta preocupada com assuntos ligados a saúde do nosso Planeta. A maioria também sabe que a melhor solução é plantar arvores! Um pequeno exército de Elisas começava já a tomar forma. Vamos plantar juntos então!

Ainda era cedo, porém, para dar um nome a nossa parceira de viagem, ao “quinto elemento” da CoClima.

Para isso acontecer foi necessário um processo de entendimento mais profundo sobre quem era o nosso principal interlocutor. Isso ocorreu com o processo de Design Sprint que fizemos com a preciosa ajuda dos nossos mentores Renato Peixoto e Richard Vignais.

O Sprint é uma dinâmica inicialmente desenvolvida pelo Google, com o escopo de criar, desenhar, prototipar e testar uma solução a um problema em 5 dias. O nosso foi um Sprint um pouco mais demorado e está agora em fase de teste do protótipo, mas ainda assim foi rápido.

Já tínhamos claro o problema e com isso partíamos com bases solidas. Tínhamos também uma ideia de como solucioná-lo, mas uma coisa que o Sprint nos ensinou foi deixar de lado preconceitos e hipóteses sem antes testá-los.

Começamos assim colocando no papel (um “papel virtual” compartilhado na ferramenta Miro) todas as nossas hipóteses. As pessoas percebem o problema? O que elas acham que pode ser feito a respeito? Elas têm consciência de que estão contribuindo para o problema? Estão interessadas em contribuir com soluções? Que esforços estão dispostas a fazer para isso?

Após ter formulado nossas hipóteses, foi a hora de verificá-las. Todos marcamos encontros com pessoas mais ou menos conhecidas e as entrevistamos.

Foi aí que percebemos que existia um padrão de pessoas que classificamos assim:

  • Embaixador otimista: entende o problema e acredita que nossas ações podem fazer a diferença.

  • Embaixador pessimista: entende o problema, mas acredita que a solução tem que vir do governo e das empresas.

  • Interessado otimista: sabe que existe o problema e poderia até contribuir na solução se fosse fácil e acessível.

  • Interessado pessimista: apesar de saber que o problema existe, não o entende bem e não acredita que podemos fazer a diferença.

  • Negacionista: acha que o problema não existe e que a terra é plana.

Entre os cinco grupos, para começar a conversar, escolhemos a primeira “persona”, antenada ao “nosso” problema quase da mesma forma que nós e que poderia ser interessada em ouvir a nossa proposta de contribuição para conter as mudanças climáticas.

Foi assim que a Elisa nasceu.

Ela nasceu já na faixa entre 20-30 anos, já trabalha e é independente. Está muito preocupada com o meio ambiente e pratica hábitos sustentáveis e consumo consciente.

É extrovertida, ama viajar e gosta de ter uma vida saudável. Sonha de ter um trabalho ligado aos próprios propósitos e de poder contribuir para melhorar o mundo ao próprio redor.

Elisa poderia ser nossa amiga. Nós poderíamos ser Elisa. Tem um pouco de Elisa dentro de nós.

Olhando por este ângulo, fica mais clara a reação da Roberta: nós entendemos Elisa, temos empatia por ela. Queremos dar para ela um instrumento para poder contribuir ativamente com a melhoria do planeta.

Por isso, cara Iara, não precisamos de um psicólogo. Precisamos colocar logo a CoClima para funcionar.

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